Turnstile: o hardcore revisitado em cor, desejo e melodia

Do subúrbio de Baltimore para os palcos mais disputados do mundo, o Turnstile nasceu em 2010 como uma banda de hardcore puro, alimentada pela energia da cena DIY (Do It Yourself) da costa leste dos EUA. Mas demorou pouco tempo para o quinteto mostrar que não queria se limitar às paredes do gênero: desde cedo, misturavam guitarras cortantes a refrões melódicos, grooves lindos e uma sensibilidade que raramente aparece no hardcore.

O ponto de virada veio com GLOW ON (2021), disco que colocou a banda no centro dos holofotes. Produzido em parceria com Dev Hynes (Blood Orange), o álbum mostrou que era possível ser brutal e, ao mesmo tempo, etéreo, sutil; criar canções explosivas que também convidam ao sonho. Essa dualidade, peso e vulnerabilidade, raiva e calor, é a assinatura que fez o Turnstile atravessar fronteiras culturais.

Em junho desse ano, o grupo lançou seu mais grandioso projeto até aqui. NEVER ENOUGH confirma que a banda não é apenas um “acidente de hype”, mas sim uma força criativa em constante evolução. O álbum foi descrito pelo New York Times como um trabalho que vai além das convenções do hardcore, abraçando melodias quase pop e arranjos cinematográficos, sem abandonar a intensidade física que move os moshpits. Cada faixa é construída para ser tanto um grito coletivo quanto uma experiência sensorial.

E não é só música. O Turnstile construiu uma estética total: videoclipes dirigidos pelos próprios integrantes, cores vibrantes que contrastam com a tradição sombria do hardcore, e uma presença de palco que transforma shows em experiências únicas. Para os fãs, estar num pit do Turnstile não é violência — é catarse, é abraço, é corpo coletivo.

Essa combinação de som e estética vibrante explica por que a banda é hoje a grande porta de entrada para novas gerações no hardcore. E também por que o Brasil terá a chance, mais uma vez em 2026, de testemunhar um show que não é só apresentação: é uma celebração de como a música pesada pode ser também suave, inclusiva e inesquecível.


Deixe um comentário